terça-feira, 3 de dezembro de 2024

PREFEITOS ELEITOS: O DESAFIO DE MONTAR A SUA EQUIPE


Com iminente a posse dos novos prefeitos, um dos primeiros e mais críticos desafios que eles enfrentarão é a composição de suas equipes de gestão. Esse processo, que deveria ser pautado pela busca de qualificação e competência, esbarra em entraves estruturais que prejudicam a eficiência da administração pública e impactam diretamente a qualidade dos serviços oferecidos à população.

A baixa remuneração para cargos de confiança é um dos principais obstáculos. Secretários, coordenadores e outros gestores frequentemente recebem salários que variam de 5 a 10 mil reais, valores que, para o nível de responsabilidade e risco assumido — assinatura de contratos, licitações e gestão de grandes orçamentos —, são insuficientes para atrair profissionais altamente qualificados. Muitos aceitam esses cargos buscando experiência ou visibilidade, mas isso é suficiente para justificar sua adesão? A resposta está, muitas vezes, em uma combinação de fatores como prestígio, possibilidade de influência política e até mesmo o desejo de contribuir com a administração pública. No entanto, o desequilíbrio entre remuneração e responsabilidade cria situações que levantam dúvidas sobre a sustentabilidade desse modelo.

Outro problema estrutural é a influência das indicações políticas. Partidos e lideranças frequentemente priorizam interesses pessoais ou partidários, indicando pessoas sem a formação ou experiência necessária para cargos que exigem conhecimento técnico especializado. O resultado é uma alta rotatividade em posições estratégicas, já que os ocupantes desses cargos enfrentam dificuldades para se adaptar ou entregar resultados satisfatórios. Essa instabilidade leva a uma curva de aprendizado prolongada, prejudica a continuidade administrativa e gera ineficiência nos serviços públicos.

Essa lacuna é frequentemente preenchida por consultorias privadas, contratadas a custos elevados para suprir as deficiências de conhecimento técnico. Embora esses serviços possam trazer soluções imediatas, eles não transferem conhecimento para a administração pública, perpetuando a dependência de serviços terceirizados e elevando os custos ao longo do tempo.

Enquanto isso, os cargos efetivos, ocupados por servidores concursados, também enfrentam problemas. Salários baixos e a proteção das normas estatutárias criam um ambiente em que o comprometimento e a produtividade muitas vezes ficam aquém do necessário. Sem incentivo à meritocracia, os servidores não são motivados a buscar excelência, comprometendo ainda mais a eficiência do setor público.

O Brasil vive uma crise crônica de gerenciamento no serviço público. É urgente repensar as estruturas de trabalho, priorizando a valorização de profissionais competentes, a meritocracia e a estabilidade administrativa. Sem isso, o país continuará a enfrentar um ciclo de precariedade gerencial que penaliza a população e trava o desenvolvimento.




Fonte : AgoraRN

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