O juiz Ítalo Lopes Gondim, da Vara Única da Comarca de Lajes, condenou
uma servidora pública da rede municipal de ensino da cidade de Pedro
Avelino por ato de improbidade administrativa. Ela foi acusada de
receber salário sem trabalhar, uma vez que pagava terceiras pessoas para
exercerem sua função pública em seu lugar. Outros dois réus na mesma
ação judicial tiveram a prescrição reconhecidas pela justiça em parte da
acusação, mas também sofreram condenações em outras.
O Ministério Público afirmou que Francisco Canindé Câmara, Hildete
Câmara Costa e Manoel Douglas Rufino praticaram ato de improbidade, pois
recebiam seus vencimentos sem trabalhar, pagando para que terceiros
desempenhassem suas funções na Escola Estadual Paulo VI. Segundo o Órgão
Ministerial, os atos foram praticados nos anos de 2006, 2007 e 2008,
mesmo após a assinatura do Termo de Cooperação n° 080/2008, ocorrido em
19 de maio de 2008.
Segundo o MP, no primeiro momento, os réus, na posição de professores
concursados, pagavam terceiros para exercerem as suas funções.
Posteriormente a assinatura do Termo de Cooperação com o Estado do Rio
Grande do Norte e o Município de Pedro Avelino no ano de 2008, o
município passou a realizar os pagamentos dos vencimentos dos acusados,
sem que os mesmos trabalhassem, além de contratar professores
temporários para desempenhar as funções deles.
No entendimento do Ministério Público, os documentos e informações
colhidos no Inquérito Civil Público n° 015/2008 são suficientes para
provar a prática de atos de improbidade administrativa pelos envolvidos
no ato improbo, posto que teriam violado os preceitos legais dispostos
nos arts. 9, 10 e 11, todos da Lei nº 8.429/92.
Defesa
Manoel Douglas Rufino defendeu a falta de dolo e a não ocorrência de
improbidade administrativa. Hildete Câmara Costa alegou a
inconstitucionalidade da lei de improbidade e a inexistência de ato de
improbidade administrativa e ausência de dano ao erário. Já Francisco
Canindé Câmara deixou transcorrer o prazo sem apresentar manifestação.
Os acusados Manoel Douglas Rufino e Francisco Canindé Câmara
apresentaram como argumentos a prescrição, a inconstitucionalidade
material da lei de improbidade e a inocorrência de atos enquadrados pelo
Ministério Público como Improbidade Administrativa. Já Hildete Câmara
Costa defendeu a prescrição e a inocorrência de atos enquadrados pelo
Ministério Público como Improbidade Administrativa.
Decisão da justiça
Para o juiz, diante das provas levadas aos autos, ficou suficientemente
demonstrado que os três réus praticaram atos de improbidade. De fato,
para ele, as condutas foram ímprobas e estão de acordo com as hipóteses
descritas nos arts. 9, 10, e 11 da Lei 8.429/92.
“Não restam dúvidas de que não comparecer ao trabalho e contratar
terceiros para substituir-se na prestação do serviço público configura
ato de improbidade administrativa descrito no art. 11 da LIA, pois
macula diversos princípios da administração, especialmente os da
legalidade, probidade, moralidade”, comentou.
Penalidades aplicadas
Hildete Câmara foi condenada a pagar multa civil no valor
correspondente a duas vezes o valor das remunerações indevidamente
recebidas (período de 2007 até a aposentadoria), acrescido de juros e
corrigidas monetariamente. A multa deverá ser revertida em favor dos
cofres do Ente Público lesado, nos termos do que preceitua o art. 18 da
Lei n°. 8.429/926.
Ela também teve suspensos seus direitos políticos pelo prazo de dez
anos e terá que ressarcir de forma integral o dano causado ao ente
público, correspondente ao valor das remunerações indevidamente
recebidas (período de 2007 até a aposentadoria), mais juros e correção
monetária. A quantia também deverá ser revertida em favor dos cofres do
Ente Público lesado, nos termos do que preceitua o art. 18 da Lei n°.
8.429/926.
Por fim, a servidora foi condenada à perda do valor ilicitamente
percebido, correspondente às remunerações recebidas de 2007 até a
aposentadoria, devendo as mesmas serem corrigidas monetariamente e
sofrer a incidência de juros. O valor também deverá ser revertida em
favor dos cofres do Ente Público lesado, nos termos do que preceitua o
art. 18 da Lei n°. 8.429/926.
Em relação à Manoel Douglas Rufino, como foi reconhecida a prescrição,
nos termos do art. 23, II, da LIA, o que impede a aplicação das sanções
descritas na LIA, o juiz o condenou apenas a ressarcir integralmente a
lesão causada aos cofres públicos, devendo restituir o valor de seis
remunerações percebidas no ano de 2007, devidamente corrigidas e
acrescidas de juros. A condenação dele em ressarcir o erário deve ficar
suspensa até julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do RE 852475/SP.
O magistrado deixou de condenar Francisco Canindé Câmara a ressarcir o
prejuízo causado ao erário em razão de seu falecimento e não integração
do espólio ao processo, o que não impede eventual interposição de ação
autônoma neste sentido, caso o STF venha a entender pela
imprescritibilidade da determinação de ressarcimento ao erário.
Processo nº 0100062-15.2013.8.20.0146
FONTE: http://www.tjrn.jus.br/index.php/comunicacao/noticias/13957-professores-sao-condenados-por-receberem-salarios-sem-dar-aula-em-pedro-avelino
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